14 de setembro de 2012


"Para que serve esta carta que te escrevo, e que imagino como uma auto-estrada que 
me conduza até ti? 
Para nada – senão para te amar melhor – falando-te ao ouvido, aqui à distância, sentada no quarto escuro do teu coração, dizendo-te que não faz mal que continues a oscilar entre o
êxtase e o desespero, que não faz mal que ralhes às vezes tanto comigo, não faz mal que tenhamos saudades do tempo em que tínhamos tempo para nos fartarmos uma da outra, que não faz mal que tenhas ciúmes dos meus amigos novos como eu tenho ciúmes dos teus. Esta carta não serve para nada, a não ser para te dizer que tu habitas dentro destas fotografias, como eu morava nelas antes mesmo de as compreender, porque o amor dos amigos entra por todas as moradas, sem pedir licença ao tempo, e dorme em qualquer canto para acudir fora de horas às emergências imperceptíveis. 
Esta carta é um pequeno pedaço da nossa conversa infinita, sem a cerimónia do adeus nem a convenção dos beijos virtuais, porque do dicionário da amizade não consta a palavra despedida."

Inês Poderosa




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